CÉREBRO: DECIFRA-ME E EU TE CURO!

        Sempre fui fascinada por novas descobertas cerebrais. Acho que o cérebro é a nossa Caixa de Pandora mais preciosa, que ao invés de liberar todos os males do mundo, acabará por revelar os mistérios do corpo humano.

Pois bem, acabei de ler dois livros de um mesmo autor que recomendo fortemente: O Cérebro que se transforma e O cérebro que cura, de Norman Doidge, um psiquiatra, psicanalista, escritor e pesquisador de Toronto.

O autor descreve, de forma simples e didática, várias pesquisas recentes que demostram a neuroplasticidade cerebral e a incrível capacidade que o cérebro tem de se curar se for estimulado de forma correta.

Contrariamente à crença original de que, após a infância, o cérebro começa um longo processo de declínio, ele nos mostra que nossos cérebros têm o poder notável de crescer, mudar, superar as dificuldades, aprender e se recuperar. Joga um sopro de esperança para todos nós, desde as crianças com diagnóstico de autismo e paralisia cerebral, passando pelas vítimas de acidente vascular cerebral e lesionados da coluna vertebral até os mais velhos, vítimas de Mal de Parkinson e Alzheimer.

Nada parece tão definitivo no cérebro após lermos este autor, pois corretamente estimulado através de eletricidade, sons e outros exercícios, pode recuperar-se e criar emaranhados de neurónios contíguos aos que foram lesados e que substituem a função daqueles. Vejam alguns exemplos:

  • Cheryl não tem o aparelho vestibular, órgão do ouvido responsável manutenção do equilíbrio. Ela precisa se apoiar nas paredes e vive uma eterna vertigem. Paul Bach-Rita criaram um capacete com um estimulador elétrico lingual que fez com que ela recuperasse e recriasse esta parte do cérebro. O melhor é que depois de um ano, ela já podia ficar sem o capacete e se beneficiar de um efeito residual, ou seja seu cérebro aprendeu um caminho novo e recuperou suas funções. Este trabalho tem sido usado com trauma cerebral, acidente vascular cerebral e Mal de Parkinson.
  • Michael Verzenich , professor emérito de neurociência da universidade da California, afirma que exercícios cerebrais podem competir com drogas para tratar a esquizofrenia e que a função cognitiva pode melhorar radicalmente nos idosos. Trabalhando com um macaco, ele mostrou como os mapas cerebrais são dinâmicos e funcionam pelo princípio “usá-lo ou perder”. Quando o dedo médio de um macaco foi amputado, outros dois dedos assumiram o espaço original do dedo médio, usando-o sozinho.
  • Um cirurgião sofre um acidente vascular cerebral e perde a movimentação de um dos braços. Para estimular mais esta região lesionada, seu braço bom é imobilizado, fazendo com que seu cérebro seja obrigado a lembrar suas habilidades. No início qualquer tarefa com o braço ruim é impossível, mas aos poucos o cérebro estende a rede neuronal do lado bom assumindo as tarefas do lado lesionado. Ele aprende até a escrever novamente e jogar ténis.
  • Bárbara e Joshua Cohen, abriram o Arrowsmith School em Toronto, aonde desenvolvem exercícios mentais para crianças com dislexias, assimetrias cerebrais, deficit de atenção e distúrbios de aprendizagem. São exercícios que forçam o cérebro a treinar partes menos desenvolvidas. Por exemplo, usam um tapa–olho para forçar o imput visual no olho mais fraco, usam alfabetos persas e urdu para estimular a memória visual, desenhos, etc. São exercícios específicos desenvolvidos para cada criança, a partir de um diagnóstico preciso de qual a área de seu cérebro que não funciona direito. Testemunhos de vários casos comprovam a eficácia deste método.

 

Enfim os dois livros de Doidge são fascinantes, cheio de casos que parecem miraculosos e de formas atípicas de estimular o cérebro Aprendemos que nossos pensamentos tem o poder de ativar e alterar nosso funcionamento cerebral , máquinas podem permitir que uma pessoa com paralisia controle computadores e aparelhos eletrônicos e exercícios atípicos podem aumentar nosso poder de cognição e percepção, posturas e manipulações corporais podem realinhar o cérebro, etc.

Valeu a leitura, fiquei com vontade de fazer exercícios para aguçar minhas funções cerebrais e recomendar estes exercícios para vários amigos.

Fica a dica de um site: https://www.brainhq.com/welcome#.