Bullying entre Meninas: Uma Questão Silenciosa nas Escolas

Recentemente, um post de um colega psiquiatra trouxe à tona uma questão que merece nossa atenção: a relação agressiva entre meninas nas escolas. Ao contrário do que geralmente se pensa, o bullying feminino raramente se manifesta através da violência física. Em vez disso, sua forma mais comum é a agressão emocional e relacional.

Agressão relacional , o Bullying das Meninas

Na Agressão Relacional ou Emocional, as “armas” utilizadas são; manipulação de relacionamentos, exclusão de grupos sociais, disseminação de fofocas e humilhações. Muitas vezes, situações dramáticas e até absurdas são criadas por meio de boatos, comentários maldosos e exclusões nas redes sociais. Isso transforma a agressão em uma experiência psicológica dolorosa, que pode deixar marcas profundas e duradouras, corroendo a autoestima e desestabilizando a confiança da vítima.

A Diferença entre Meninos e Meninas

Estudos mostram que, entre meninos, a agressão tende a ser mais direta e física. Eles conseguem superar esses conflitos de forma mais rápida, sem grandes sequelas a longo prazo. Essa diferença de dinâmica é crucial para entendermos a complexidade do bullying entre meninas.

Quem é a “agressora? ”_ o que leva uma menina a agredir a outra

A dinâmica do bullying muitas vezes reflete mais as vulnerabilidades do agressor do que as da vítima. Baixa autoestima, a projeção de sentimentos de inferioridade e emoções como raiva, ciúmes e vergonha são motivações comuns que levam uma menina a agredir outra. A retirada do amor e da amizade, assim como a exclusão do grupo, principais armas de ataque são, provavelmente,  experiências que a própria agressora sentiu ou sente em outros contextos de sua vida.

A Influência dos Estilos Parentais

Pesquisas revelam uma correlação entre estilos parentais e o bullying. Crianças que sofreram violência em casa frequentemente reproduzem esse comportamento em suas interações sociais, tornando-se perpetuadoras do sofrimento que um dia vivenciaram. Essa dinâmica complexa ressalta a importância de intervenções que abordem tanto a agressão quanto o suporte emocional necessário para promover relacionamentos saudáveis entre as jovens.

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A Necessidade de Ação

É fundamental que pais, educadores e profissionais da saúde mental se unam para identificar e combater o bullying emocional nas escolas. Juntos, podemos promover um ambiente seguro e acolhedor para todas as meninas, garantindo que elas possam se desenvolver plenamente, sem o peso de agressões emocionais que podem marcar suas vidas.

Vamos trabalhar juntos para criar um espaço onde o respeito e a amizade sejam a norma, e não a exceção. A mudança começa com a conscientização e a ação de cada um de nós!

O Que Pode Ser Feito?

Vítimas de bullying emocional nas escolas podem tomar várias medidas para lidar com a situação e buscar apoio. Aqui estão algumas sugestões:

  1. Falar com Alguém de Confiança: É importante que a vítima compartilhe suas experiências com alguém em quem confia, como pais, amigos ou professores. Conversar sobre o que está acontecendo pode aliviar a carga emocional e ajudar a encontrar soluções.
  2. Documentar os Incidentes: Manter um registro dos episódios de bullying, incluindo datas, locais, o que foi dito ou feito e testemunhas, pode ser útil para relatar o problema às autoridades escolares.
  3. Buscar Apoio Psicológico: Conversar com um psicólogo ou conselheiro pode proporcionar um espaço seguro para expressar sentimentos e aprender estratégias de enfrentamento. O apoio profissional pode ajudar a construir a autoestima e a resiliência.

    Bullying na adolescência
  4. Crianças Quietas São Maiores Vítimas: Estudos mostram que as vítimas de bullying e abusos variados costumam ser crianças mais quietas e boazinhas, que geralmente não se queixam e evitam conflitos. É muito importante avaliar e desenvolver suas habilidades sociais.
  5. Desenvolver Habilidades Sociais: Participar de atividades extracurriculares ou grupos sociais pode ajudar a vítima a fazer novos amigos e desenvolver habilidades sociais, reduzindo a solidão e a vulnerabilidade ao bullying. Atividades como teatro amador ajudam a desenvolver assertividade, lidar com críticas e valorizar-se, o que pode proteger a vítima de futuros episódios de bullying.
  6. Confrontar o Bullying de Forma Segura: Em alguns casos, a vítima pode optar por se afirmar de maneira assertiva (mas segura) em relação ao agressor. Isso deve ser feito com cautela e, se possível, na presença de um adulto.
  7. Informar a Escola: Comunicar o bullying a um professor, diretor ou conselheiro escolar é fundamental. As escolas têm a responsabilidade de garantir um ambiente seguro e podem tomar medidas para abordar o problema.
  8. Participar de Programas Anti-Bullying: Envolver-se em iniciativas escolares que promovam empatia e respeito pode ajudar a criar um ambiente mais positivo e oferecer suporte.
  9. Praticar o Autocuidado: Engajar-se em atividades que trazem alegria e relaxamento, como esportes, hobbies ou arte, pode melhorar o bem-estar emocional e fortalecer a autoestima.
  10. Procurar Recursos Externos: Existem organizações e linhas de apoio que oferecem orientação e assistência a vítimas de bullying. Buscar essas opções pode fornecer suporte adicional. É fundamental que as vítimas de bullying emocional saibam que não estão sozinhas e que existem caminhos para buscar ajuda e proteção.

Como Posso Ajudar Minha Filha com Estas Questões?

Se você suspeita que sua filha está sofrendo bullying:

A educação é fundamental. Converse com sua filha sobre o que é bullying e como identificá-lo. Compartilhe sua própria experiência; a maioria dos pais tem vivências semelhantes, o que pode ajudá-la a entender que não está sozinha.

  1. Ofereça apoio incondicional, criando um ambiente seguro para que ela se sinta à vontade para conversar. Outros adultos de confiança, como professores e coordenadores, também podem intervir. Caso haja ameaça física ou agressão, denuncie, pois são crimes que precisam ser reportados para evitar que se intensifiquem.
  2. Dê à sua filha um diário para incentivá-la a escrever livremente sobre como se sente. Escrever ajuda a conter sentimentos de vergonha e humilhação que podem ser difíceis de expressar.
  3. Ensine sua filha a ignorar o agressor e a se afastar, mostrando que o comportamento não a afeta. Essa atitude pode desarmar a situação.
  4. Estimule a autoconfiança e uma postura ereta, pois essa linguagem corporal transmite força e menor vulnerabilidade, podendo dissuadir os agressores.
  5. Desencoraje a violência, deixando claro que reagir com agressão pode trazer mais problemas. Sugira formas saudáveis de canalizar a raiva, como esportes ou atividades criativas.
  6. Se for seguro, apoie o diálogo com o agressor, para que sua filha possa expressar que o comportamento é prejudicial. Ajude-a a praticar respostas assertivas, verbais ou não verbais, para que se sinta mais segura.
  7. Incentive o diálogo e o apoio profissional, como psicólogos ou amigos, para que ela possa desabafar seus medos e frustrações.
  8. Seja um exemplo de comportamento adequado ao lidar com conflitos. Nossos filhos estão sempre nos observando e aprendendo conosco. Incutir confiança em nossos adolescentes pode ser desafiador, mas é vital. Ajude-os a superar isso, demonstrando autoestima.
  9. Reforce a importância das amizades verdadeiras, orientando sua filha a buscar a companhia de amigos e a evitar ficar sozinha em situações de risco, especialmente se o bullying envolver fofocas ou isolamento.
  10. Estimule a empatia, incentivando-a a defender vítimas ou a buscar ajuda se presenciar bullying.
  11. Por fim, envolva-se com a escola, conhecendo seus programas de prevenção e, se necessário, conversando com a direção sobre a criação de iniciativas contra o bullying.

Gostaria de sugerir a leitura de um livro de Rachel Simmons, que tem tradução em português: “Garota fora do jogo: A cultura da agressão oculta entre meninas.” (link de compra)