WHATSAPP ADITO, EU ?
WhatsApp adito, eu?
Todos sabemos que nossas crianças estão cada vez mais perdidas nos seus joguinhos internéticos, nas telas dos smartphones e computadores. E nós? Será que nos damos conta do que ocorre cada vez que soa o alarme de uma mensagem nova no WhatsApp?
Se dermos uma pequena pesquisada sobre adição ao WhatsApp, ( WhatsApp addiction), perseguição no WhatsApp (WhatsApp stalking) , veremos milhões de artigos, pesquisas acadêmicas, livros, tentando compreender este fenômeno que acomete cerca de 400 milhões de pessoas no mundo todo e que cresce a uma média de 1 milhão de pessoas ao dia.
Há testes para verificar o grau de adição, com perguntas do tipo: você checa o seu WhatsApp logo que acorda pela manhã e antes de dormir? Você fica feliz quando recebe o sinal de mensagem? você se desespera se alguém não responde à sua mensagem apesar de tê-la lido? Você fica inquieto e ansioso se não há acesso ao wifi, sentindo que está perdendo algo importante? etc.
Há até aplicativos para monitorar sua adição e mostrar quando deve sair do aplicativo porque sua quota diária já se esgotou. ( Breakfree). O que há de tão aditivo neste aplicativo, afinal? Há muitas explicações. Mas as que eu julguei importantes são as que se referem ao narcisismo humano e à necessidade vital, que todos temos, de nos sentirmos estimados e inseridos num grupo de pertinência humana.
Teste sociométrico constante
O WhatsApp nos dá acesso a vários grupos e nos confere uma identidade digital. Fazemos alianças pessoais nestes grupos. Recebemos confirmações de nossa importância, inteligência, sex-appeal, etc. Ou, ao contrário, recebemos críticas, rejeição, desprezo. Vivemos num verdadeiro teste sociométrico constante, avaliando os outros e sendo avaliados por eles. Vivemos numa alternância de euforia egóica ( sou amado, admirado), e depressão melancólica (ninguém nunca gosta de mim, ninguém me responde, etc. ).
E o pior é que perseguimos as razões alheias e tecemos diálogos internos sobre as motivações dos outros sem checarmos a realidade de nossas presunções. Por exemplo: por que ele não respondeu à minha mensagem se está online? Com quem estará falando? Ela nem leu o que escrevi, etc.
É provável que um telefonema à pessoa em questão resolveria, rapidamente estas perguntas todas e recolocaria nosso ego no lugar certo. Afinal nós não somos o centro do mundo e nem tudo tem a ver conosco. O outro pode estar doente, ter problemas mais urgentes, enfim, realmente, acreditem, ser outra pessoa, com direito a existência e razões próprias.
Paradoxalmente, preenchidos superficialmente em nossa necessidade de contato, nunca estivemos tão sozinhos, presos em nossas especulações narcísicas, como uma cobra que come o próprio rabo.