FADIGA DO PSICOTERAPEUTA (BURNOUT): ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO SECUNDÁRIO
FADIGA DO PSICOTERAPEUTA,”BURNOUT”:
ESTRESSE PÓS- TRAUMÁTICO SECUNDÁRIO
ROSA CUKIER
Muitas vezes amigos e conhecidos meus, leigos na temática das psicoterapias, me perguntam se não levo os problemas dos meus pacientes para casa. De algum modo parecem pensar que nós, psicoterapeutas, saímos preocupados do consultório e mal podemos dormir carregando os problemas alheios. Ou seja, questionam sobre o que chamamos de fadiga do psicoterapeuta.
Sempre respondi tranquilamente dizendo que não é exatamente assim, pois, para que alguém seja terapeuta se exige um treinamento profissional rigoroso que habilita o profissional a separar os conteúdos que são seus daqueles que pertencem aos seus pacientes.
Boa resposta talvez, para leigos ¾ que assim continuam igualmente leigos porém profundamente admirados desta nossa habilidade asséptica ¾ mas muito incompleta se quisermos realmente adentrar a natureza profunda desta questão. Até mesmo Freud ( 1910: 1565 ) que definiu o fenômeno da contratransferência, como “ a resposta emocional do terapeuta para com seu cliente”, foi superficial nesta análise.
Mais recentemente entretanto, e em função dos estudos sobre estresse profissional e violência e suas seqüelas traumáticas, um número crescente de autores tem descrito um tipo de doença bio-psico-social que acomete pessoas que cuidam de pessoas traumatizadas. Esta “doença“ tem muitos nomes na literatura ( Figley, 1995: 9)[2]: “ Estresse Pós Traumático Secundário” ; “Vitimização Secundária ”; Co-vitimização; “Traumatização Vicariante”; “Contágio Emocional “; “Efeitos Generacionais do Trauma “; “Síndrome do Salvador; “Fadiga da Compaixão”; “Síndrome do Terapeuta Queimado (burnout) ”, etc.
[1] Freud ,S (1910) – El Porvenir de la Terapia Psicoanalitica”
[2] Figley,R.C.(1995) – Compassion Fatigue